Mostrando postagens com marcador música. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador música. Mostrar todas as postagens

Álbum cria oratório profano com sermões de Padre Antonio Vieira


'Padre Antônio Vieira Convertendo os Índios do Brasil', gravura do acervo do Arquivo Ultramarino

Nesta virada de ano, "Antonio Vieira: do Tejo ao Amazonas" justifica plenamente o formato CD como um caminho (ainda) válido para a apreciação estética.

É curioso que isso se dê por meio de de trechos selecionados de seis sermões do padre jesuíta Antonio Vieira (1608-97), que nasceu em Lisboa e morreu em Salvador. Narrada magistralmente pelo ator português Luis Lima Barreto, a seleção mantém intacto o virtuosismo lógico-retórico do escritor luso-baiano.

O trabalho aposta no binômio som-palavra, ao qual adiciona a experiência do manuseio de um livreto de 56 páginas. Pode-se simplesmente fechar os olhos e ouvir (vale a pena) ou acompanhar o texto lendo passo a passo (vale a pena também). A direção artística é de Anna Maria Kieffer, cantora e pesquisadora que nunca separou história de estética, antigo de contemporâneo, performance de reflexão.

Ao longo de mais de 30 anos tem se engajado em trabalhos importantes como "Cancioneiro da Imigração" (2004), "Marília de Dirceu" (1994) ou "Mel Nacional" (1993), entre muitos outros.

Com a força musical das palavras, o próprio Vieira aponta –no "Sermão das Lágrimas de S. Pedro"– os riscos do ver: "Estes são os nossos olhos: choram porque veem, e veem para chorar. O chorar é o lastimoso fim do ver; e o ver é o triste princípio do chorar".

Está lá igualmente o célebre trecho do "Sermão da Sexagésima", que inspirou de Sérgio Buarque de Holanda (1902-82) a Haroldo de Campos (1929-2003): "O pregar há de ser como quem semeia, e não como quem ladrilha, ou azuleja. Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras".

Vieira às vezes parece não apenas ter lido Descartes (1596-1650) –o que teria sido possível–, mas também antecipar em 150 anos aspectos da filosofia de Hegel (1770-1831). Em outros momentos parece falar do mundo político atual, como no "Sermão do Bom Ladrão" (1655) e no "Sermão da Primeira Dominga do Advento" (1650).

No primeiro cita Seronato, aquele "que queria tirar os ladrões do mundo para roubar só"; no segundo defende que a omissão seja o maior dos pecados dos governantes: pecado "que se faz não fazendo" e que "furta o tempo à República", o que jamais se restitui.

ESCURO E FORTE

A abordagem musical encontra o ponto exato entre o antigo e o contemporâneo. É pensada como um oratório profano, que parte do canto gregoriano (resgatado pelo regente Vitor Gabriel), mas que se liberta sutilmente dele ao fazer música com citações latinas. É um CD escuro e forte.

Simultaneamente à recitação e aos cantos, Vanderlei Lucentini conduz o discurso com uma música eletroacústica nada invasiva: pontua o gregoriano, mostra fraturas, controla a tensão, mas também traz a chuva, perscruta o som das estrelas.

Elementos amazônicos vão gradualmente invadindo o discurso do jesuíta, até que, no final do sermão proferido em São Luís do Maranhão, deságuam em pura pajelança, como a marcar "a empresa dificultosíssima de pregar a gentes de diversas e incógnitas línguas". 

ANTONIO VIEIRA: DO TEJO AO AMAZONAS
ARTISTAS Luis Lima Barreto e Anna Maria Kieffer
GRAVADORA Akron
QUANTO R$ 40

REPORTAGEM: Disco de vinil é um dos presentes favoritos no Natal alemão

Moda dos discos de vinil segue forte na Alemanha e vira tendência também no Natal. Só nos primeiros dez meses do ano, venda de "bolachões" chegou a 1,4 milhão de unidades.



Febre vintage no fim de ano: numa pesquisa feita pela Associação da Indústria Musical Alemã (BVMI, na sigla em alemão), um em cada quatro entrevistados disse que iria se alegrar em receber um vinil como presente de Natal.

O fenômeno é confirmado pelas tendências de vendas do varejista online Amazon. Vinis e toca-discos estão sendo um grande sucesso nas compras natalinas deste ano, segundo uma porta-voz da empresa.

O sucesso do vinil no período de Natal reflete uma ascensão que já dura vários meses. Embora a participação de mercado de 3,1% seja relativamente modesta – em comparação com outros formatos, como o CD –, o crescimento é enorme, de acordo com a BVMI. Em 2014, 1,8 milhão de vinis foram comprados na Alemanha, quantidade que não era alcançada desde 1992.

O diretor-gerente da BVMI, Florian Drücke, disse que não sabe explicar os motivos da atual febre do vinil. "Só podemos conjecturar o que exatamente foi a faísca para esse crescimento, justamente num momento em que todos os sinais apontavam para a música digital, a partir do CD, via download ou até streaming", disse.

O palpite dele: talvez seja o desejo de desaceleração num mundo cada vez mais rápido e digitalizado em cada vez mais áreas do cotidiano. Embora a causa não esteja clara, o fim da tendência não está à vista: em 2015 foram vendidos cerca de 1,4 milhão de vinis somente nos primeiros dez meses – cerca de 25% a mais do que no mesmo período do ano anterior.

PV/dpa/ots

REPORTAGEM: Dresden's Church of Our Lady celebration defies xenophobia with music

Destroyed by Allied bombs in World War II, Dresden's iconic Church of Our Lady was restored 10 years ago. In a city now marked by xenophobic tendencies, the anniversary is celebrated with music that evokes community.

Festive conzert in Dresden's Frauenkirche. Photo: picture-alliance/dpa/O. Killig/Dresdner Musikfestspiele

At Neumarkt Square in downtown Dresden, much to the delight of the children on hand, a street performer is generating huge soap bubbles. One of them glides upwards in front of the Church of Our Lady until it look like it's about to be punctured by the church tower.
This sunny October day in what some call Germany's most beautiful city center could hardly stand in greater contrast to the images from Dresden that are currently troubling the nation: mass demonstrations against refugees and foreigners.
The protests even overshadow the Church of Our Lady festivities. The house of worship is a unique symbol of peace and reconciliation, says the pastor at a noontime organ concert, but he adds, "As in wartime, we are experiencing a dangerous moment in the city. We are at a crossroads."

Jan Vogler, Wolfgang Rihm and Mira Wang. Photo: Rick Fulker
Jan Vogler, Wolfgang Rihm and Mira Wang go over the score
A church reborn out of ashes
Destroyed during the Allied fire-bombing on February 13, 1945, the church was largely neglected under the communist East German regime. Starting in 1989, just as the Berlin Wall fell, an initiative to restore the Dresden icon began.
It's been 10 years since the rebuilt Church of Our Lady was dedicated on October 31, 2005. Now, the city is hosting a 10-day festival to mark the anniversary, recalling the 1990 citizens' initiative, volunteers and the many foreign donors who made the restoration of the church possible.
Symbolizing that international achievement, an orchestra from the US has come to give the first European performance of a work by Wolfgang Rihm, Germany's best-known living composer. The guest performance by the Orpheus Chamber Orchestra has a program with references to Dresden's music history.
On the afternoon before the concert, the composer listens to the rehearsal, bent over his score. "It's a swimming match," he remarks afterward, counting seven seconds of reverberation in the bright acoustic within the stone interior under the 12,000-ton church tower. He hopes that the evening attire of the concert guests will later absorb some of the wayward sound waves.

Music about 'common effort'
Did he insert a message into the composition tailor-made for cellist Jan Vogler and his wife, violinist Mira Wang? "No," says Rihm, "this is not a symphonic poem about the Frauenkirche (Church of Our Lady), its architecture or its history."

And yet: "One writes something in which two voices gradually come together. It stands for the will to achieve something by common effort. And maybe that sense of community will help to disentangle the confusion now spreading around this edifice in the form of certain public demonstrations."
Pegida demonstration in Dresden. Photo: REUTERS/Hannibal Hanschke
These demonstrators probably cannot be reached by musical messages
Jan Vogler, who organized the concert on three continents, sees a social relevance to events like this nonetheless. "Cultural activity is what makes us human," he said. "I'm totally impressed when Wolfgang Rihm, one of the greatest composers of the day, sits down and thinks up a piece out of sheer fantasy. It's an instant masterpiece. Things like these are miracles of humanity."

A cohesive sound
At the evening's concert, the Orpheus Chamber Orchestra is in position in the altar space, facing the who's-who of Dresden and German and American diplomats. But despite the many dignitaries on hand, there are no speeches, no platitudes - just music.
Frauenkirche Dresden, altar space. Photo: Rick Fulker
The figures come to life
Jan Vogler and Mira Wang make a double appearance as soloists: in Wolfgang Rihm's "Duo Concerto" and in Saint Saëns' "The Muse and the Poet." The playbill also includes Schumann and Mendelssohn.
Rihm's concerns about the acoustic are soon dispelled; Orpheus plays with a delicate yet dynamic touch and turbo-rhythmic concision - even in that terrifyingly bright acoustic, where individual tones tend to go wayward.
A complex dialogue between violin and cello unfolds in his work, sometimes harmonic and sedate, sometimes effervescent and conflicted, before soloists and orchestra come together in an orgiastic sound just before the end.






A living backdrop: 'Heaven is here'
 
Frauenkirche Dresden, outside. Photo: Rick Fulker
Music is as ephemeral as a soap bubble
The altar space in the Church of Our Lady does its part to enchant the concert-goers. The sculptures of Jesus at the Mount of Olives, of Moses and Aaron, Paul and Philipp and a golden triangle symbolizing the eye of God all seem to come to life. This church contains 40 percent of the original material salvaged from ruins, yet it is completely without patina, as though it were finished only yesterday. Pastel blue, green and red are the predominant interior colors, symbolizing faith, hope and charity.
The concert is followed by long ovations, yet even they soon fade into memory. Two women, having heard and seen the spectacle, pause on their way out and turn towards the altar one last time. One of them remarks, "All this has nothing to do with space or time. Heaven is here."
Wolfgang Rihm's "Duo Concerto" for violin, cello and orchestra premiered in Carnegie Hall in New York on October 15 and had its European premiere in Dresden's Church of Our Lady on October 24. A further performance is scheduled for November 14 at the Esplanade Concert Hall in Singapore. The complete performance can be heard for 30 days as video on demand at medici.tv.

Fonte: Deutsche Welle (26.10.2015)

REPORTAGEM: Jimi Hendrix's London home turned into museum

Soon, you can discover the flat where Jimi Hendrix used to live and rock in London. The building was also shared by another musical genius: George Frideric Handel - some 200 years earlier.


Jimi Hendrix, Copyright: Imago/LFI

Some revere Jimi Hendrix as the best rock guitarist ever. Others prefer their music a bit more Baroque: In this case, the German-born British composer George Frideric Handel remains one of the leading musical figures. Despite the differences in musical style, both of them shared more than an exceptional career: They lived in the same building in London, located at 23-25 Brook Street.
"It is hard to think of another home in the world with such a concentration of musical genius," said Alistair Starnack, chairman of the Handel House Trust.
As of February 10, 2016, visitors will be able to feel the walls which surrounded both musicians. The Handel House has been open to the public since November 2001, and Hendrix's flat was until recently used by the Handel House Trust as an office.
The foundation has restored Hendrix's bedroom to reproduce the way it looked when he was living there and developed an exhibition on the musician - a project which cost 2.4 million pounds (3.3 million euros, $3.7 million).

His only real home
Jimi Hendrix spent part of the year 1968 recording and on tour in the US, but in the summer he moved in with his then girlfriend Kathy Etchingham to the top floor of 23 Brook Street, in the district of Mayfair in London. They paid 30 pounds a week for the flat.
A view of a blue plaque outside 23 Brook Street where musician Jimi Hendrix briefly lived, Copyright: picture-alliance/dpa/F. Arrizabalaga
In 1997, 23 Brook Street obtained an English Heritage Blue Plaque commemorating Jimi Hendrix
Although the legendary musician stayed there less than a year, it is his only officially recognized residence in the world. Hendrix is said to have described it as "The only home he ever had."
According to the organizers of the exhibition, Hendrix used the apartment as his base: He would write new songs and give interviews there. When he found out that Handel used to live next door, he went out and bought some of his albums, such as his "Messiah," which was composed there.
Brook Street used to be right in the middle of London's music scene in the late 60s, just a short walk away from a series of legendary clubs, like the Marquee, the Speakeasy and The Scotch of St James, where Jimi Hendrix would show up and play.

Fonte: Deutsche Welle (28.10.2015)

NOTÍCIA: Declarado morto, vinil ressurge e conquista público fiel

Fonte: Deutsche Welle
Autor: Silke Wünsch (as)
Data: 19.10.2015

Eles sobreviveram ao CD e ao MP3: os velhos bolachões atraem um público cada vez maior, que inclui DJs, amantes da música, colecionadores e até investidores financeiros. 

Na sua loja em Colônia, Uwe recebe todo tipo de cliente e oferece uma ampla variedade de gêneros musicais
Alto-falantes de discoteca, antigos aparelhos de som 3 em 1 e caixas de papelão cheias de discos de vinil se amontoam em frente a uma loja especializada em música num bairro alternativo de Colônia, na Alemanha. As paredes são forradas com pôsteres de bandas de rock e cartazes de shows, e o som das guitarras domina o ambiente.
Bruno é um cliente fixo do local e conhece a loja como poucos. Ele retira um vinil do toca-disco, coloca-o cuidadosamente de volta na capa e pega outra bolacha. "Este é um disco de sete polegadas, um compacto simples", diz Bruno. "De 1954, lançado por um selo famoso, o Brunswick."
Ele coloca o disco para tocar, e o som inicial é o tradicional chiado dos discos de vinil. Depois começam os primeiros acordes de um swing, tocados por uma big band. O rosto de Bruno se ilumina de felicidade. "Sy Oliver and his Orchestra com Louis Armstrong, tocando um grande hit: C'est si bon."

Bruno é um grande fã dos discos de vinil, um freak, como ele mesmo diz. A sua coleção inclui cerca de 5 mil discos, principalmente jazz, trilhas sonoras de filmes e música clássica. Ele nem considera a possibilidade de ter essa coleção em CD.

"A sensação de ter um LP nas mãos é insuperável. A trilha de Spartakus, por exemplo. Você abre o disco como se ele fosse um livro, e Kirk Douglas salta no seu rosto em technicolor. Isso é arte. Um CD não tem algo assim", afirma.
A capa é uma das vantagens citadas pelos amantes do vinil. Outra é: ninguém sabe ainda quanto tempo duram as informações armazenadas num CD. Um disco de vinil, quando bem cuidado, dura para sempre. Um pouco de chiado é aceitável e, às vezes, até desejável. Por fim, o argumento definitivo de todos os aficcionados pelo vinil: o som é mais quente e encorpado, bem diferente do som agudo e frio do CD.

Valor depende do estado de conservação
Exemplar de uma prensagem de teste (sem a capa) do primeiro disco do Velvet rendeu mais de 150 mil dólares
 
O resultado é o revival do vinil. Pessoas de todas as idades vasculham mercados de pulga, procuram na internet e reviram antiquários atrás das antigas bolachas, declaradas mortas pela indústria quando ela decidiu apostar todas as fichas no CD, na virada dos 80 para os 90.
O dono da loja de Colônia, Uwe, entende tudo de selos musicais e gravadoras, edições e prensagens dos vinis. Ele também sabe reconhecer uma coleção decente de discos. Se alguém lhe oferecer uma coleção de jazz, ele saberá dizer se alguém já botou antes as mãos nela para retirar as pérolas. "Sem os principais discos, uma coleção não tem mais muito valor", atesta.
Uwe mostra um disco de Oscar Peterson do selo MPS, a primeira gravadora alemã de jazz, famosa pela alta qualidade das suas gravações. "Um disco como este da MPS, dos anos 60 ou 70, custa uns 20 euros." O valor sobe se o disco estiver em excelente estado de conservação – e também se a capa estiver inteira, sem dobraduras, arranhões ou rabiscos.
Uwe apresenta outro clássico do jazz: "Este é o show do Keith Jarrett em Colônia, numa edição posterior. A primeira tinha uma capa em alto relevo, esta é uma capa lisa. Esse disco duplo custa 15 euros – desde que esteja em excelente estado, claro."
De novatos e investidores
Uwe diz que a sua clientela é variada, desde DJs de 20 e poucos anos até antigos amantes do jazz. Alguns vasculham todas as prateleiras e não levam nada. Outros são principiantes quanto o assunto é vinil. "Alguns jovens nem mesmo sabem que um disco de vinil tem dois lados. Eles olham para o vinil como se ele fosse uma das sete maravilhas do mundo", conta Uwe.
Há também aqueles que se comportam como se estivessem prestes a fazer o negócio das suas vidas. "São verdadeiros freaks, como colecionadores de selos. Para os colecionadores profissionais, alguns discos são verdadeiros investimentos. Quando a crise financeira começou, pessoas que ainda tinham algum dinheiro começaram a comprar discos de vinil feito uns loucos."
Na internet, é possível se informar antes sobre o valor de mercado de um disco de vinil. Em alguns casos, o céu parece ser o limite, principalmente no caso de prensagens limitadas ou edições hoje muito procuradas, mas que venderam pouco na época do lançamento.
Muitos discos passam facilmente dos 500 euros, outros chegam a valer milhares. Um dos valores mais altos foi pago por uma prensagem de teste (sem capa, com o selo interno em branco e inscrições à mão) do disco de 1966 da banda Velvet Underground & Nico: 155.401 dólares no Ebay.